«Destruí este templo e em três dias o levantarei»
«Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu… Tempo para destruir e tempo para edificar» (Ecl 3, 1. 3). Na festa da Páscoa, os judeus subiam a Jerusalém para celebrar a Páscoa e se purificarem dos seus pecados: «Havia ali seis talhas de pedra para a purificação dos judeus» (Jo 2, 6). Jesus subiu a Jerusalém e, no seu zelo pela casa do Pai, casa de oração e não casa de comércio, purificou o Templo, não à maneira judaica com a água das talhas, mas, de maneira nova, com o vinho novo do seu sangue derramado para remissão dos pecados de todos (Jo 2, 9). Jesus justificou o seu proceder com o «sinal» do mistério pascal da sua paixão, morte e ressurreição: «Destruí este templo e em três dias o levantarei» (Jo 2, 19).
«Jesus falava do templo do seu corpo» (Jo 2, 21). «Até o próprio templo, o Corpo de Cristo ruiu, mas ressuscitou». «Quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus» (Jo 2, 22). «Acreditaram na Escritura – «Devora-me o zelo pela tua casa» (Sl 69, 10) – e na palavra que Jesus dissera»: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». «Antes da festa da Páscoa, Jesus, sabendo bem que tinha chegado a sua hora da passagem deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo» (Jo 13, 1).
«E, ao fim de grande tempo, subiu / sobre uma árvore, onde abriu os seus braços belos / e morto ficou suspenso deles, / O peito por amor tão magoado». Os braços belos do Pastorinho foram abertos para abraçar a sua bela pastora. A Páscoa de 2024 é a «Páscoa do Abraço» do Pai de Misericórdia ao filho pródigo que, arrependido, regressa a sua casa (Lc 15, 20); a Páscoa do Bom Pastor, do Crucificado que, na Cruz, nos amou e se entregou por nós» (Ef 5, 2) e, de braços abertos, espera o abraço da sua Igreja, a bela pastora, cujo «coração está ardendo de amor». Jesus, no seu amor por nós, «estendeu os braços e morreu na Cruz; e, destruindo a morte, manifestou a vitória da ressurreição». Nós «fomos sepultados com Cristo pelo Baptismo na sua morte; e também com Ele ressuscitaremos». Na Eucaristia, Páscoa do Abraço do Senhor e da Igreja, rezemos: «Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!».
P. Manuel Reis