Santa Teresa de Lisieux continua a ser uma mulher actual. Foi um sinal da ternura de Deus para com o género humano, e enriqueceu a humanidade com o seu “génio feminino”. Conheceu a marginalização da mulher na Igreja, revoltou-se contra a sua discriminação, reconheceu o privilégio da feminidade no amor de Jesus e a Jesus.
Não consigo ainda compreender porque é que as mulheres são tão facilmente excomungadas em Itália! Ah! pobres mulheres! Como são desprezadas!… Não obstante, amam a Deus em muito maior número do que os homens… É talvez por isso que Ele permite que o desprezo seja o quinhão delas sobre a terra, pois também o escolheu para si próprio… No Céu bem saberá mostrar que os seus pensamentos não são os dos homens, porque então as últimas serão as primeiras (Ms A 66 v).
Fez-se carmelita com o objectivo de salvar almas e especialmente para rezar pelos sacerdotes.
Na lectio divina do Evangelho adquiriu a sabedoria de Jesus. Comenta, com audácia, o Evangelho de hoje sobre os trabalhadores da vinha.
Num dia em que pensava no que podia fazer para salvar as almas, uma passagem do evangelho deu-me uma viva luz. Uma vez Jesus dizia aos discípulos… a messe é grande mas os operários são poucos; rogai, pois, ao Senhor da messe que mande operários. Que mistério! Não é Jesus omnipotente? Não pertencem as criaturas a quem as fez? Então porque diz Jesus: Rogai ao Senhor da messe que envie operários? Porquê? Ah! é que Jesus tem por nós um amor tão incompreensível que quer que tenhamos parte com Ele na salvação das almas. Não quer fazer nada sem nós. A nossa missão é ainda mais sublime. Eis as palavras de Jesus: Levantai os olhos e vede. Vede como no meu Céu há lugares vazios, cabe a vós enchê-los, vós sois os meus Moisés a orar no cimo da montanha, pedi-Me operários e enviá-los-ei, só espero uma prece, um suspiro do vosso coração! O apostolado da oração não é por assim dizer mais elevado do que o da palavra? A nossa missão como Carmelitas é formar operários evangélicos que salvem milhões de almas das quais nós seremos as mães! Se não fossem as próprias palavras do nosso Jesus, quem ousaria acreditar nisto? Penso que a nossa parte é muito bela, que temos nós a invejar aos sacerdotes? (Carta 135).
Deus chama a todos e a todas as horas a trabalhar – ora et labora – na sua vinha, a Igreja e o mundo, e recompensa a todos. Há trabalho e salário para todos. A nossa parte é muito bela. Oração e palavra. Mãos à obra. Bom trabalho!
P. Manuel Reis
