Fez-se em mim um grande silêncio.
Como quando tudo parece calar antes da aurora.
Os mares eternos estão calmos e claros
Mas o coração, preso no peito, não encontra descanso.
Todo o artista tem mão na sua obra
E é culpado pelo fogo que nela acendeu,
Naquele sopro tão típico de quem cria.
O tempo eternizou-se em mim numa noite
À qual a minha luz pouco ou nada pode…
“Preparai os caminhos do Senhor”,
Clama uma voz, vinda do deserto.
E tão longe ecoou essa voz,
No canto das eras do mundo,
Que hoje ouvimos, no peito, o murmúrio:
A luz fez-se carne: Vem Senhor Jesus!
João Sottomayor
17 de dezembro de 2023