«Este teu irmão estava morto e voltou à vida»
Na «parábola familiar» de Jesus, o Pai disse ao filho que estava consigo em casa: «Este meu filho… este teu irmão estava morto e voltou à vida». Este meu filho, este teu irmão da morte voltou à vida: morto e perdido pelo pecado, ressuscitado e reencontrado pelo perdão. «Pela grande caridade com que nos amou, estando nós ainda mortos por causa dos nossos pecados, Deus restituiu-nos à vida com Cristo». Ele «acolheu os pecadores e comeu com eles». «Jesus ama as almas, mesmo imperfeitas que confiam n’Ele e está disposto a perdoar-lhes sempre, se sempre lhes falarem ao coração». No seu modo de proceder, manifestou o amor e a misericórdia do Pai para com os pecadores. O pai que perdoa aos filhos é um bom retrato do perdão de Deus Pai, cuja iniciativa restabelece tanto a filiação quanto a fraternidade.
«O pai resgatou os pecados do filho com um beijo, encerrou-o num abraço para não descobrir – ele, o pai – as culpas do filho, para não desonrar – ele, o pai – o próprio filho. Deste modo, o pai cura as feridas do filho para não lhe deixar nem uma cicatriz, para não deixar ao filho a mínima marca. “Feliz daquele a quem foi perdoada a iniquidade e que foi absolvido dos seus pecados” (Sl 31, 11)». Temos sorte de ter um Deus Pai rico de misericórdia que, na Páscoa, nos ama com um amor entranhável de mãe e nos espera e acolhe de braços abertos, no sacramento da Reconciliação, para nos perdoar todos os nossos pecados. O Pai abriu o seu coração no Coração de Jesus, abriu os seus braços nos braços de Jesus e, na sua Graça e Misericórdia, deu-nos o abraço do perdão como gesto da reconciliação e sinal da paz. «Ah! como a bondade, o amor misericordioso de Jesus são pouco conhecidos!». «O coração da Confissão não são os pecados que dizemos, mas o amor divino que recebemos». A graça do perdão, da reconciliação e da conversão pascal é a causa da nossa alegria quaresmal.
«Senhor Deus, meu Amado, se todavia te recordas dos meus pecados para não fazer o que te ando pedindo, faz neles, meu Deus, a tua vontade, porque é o que eu mais quero, e exercita neles a tua bondade e misericórdia e serás conhecido neles… Porque, se enfim, há-de ser graça e misericórdia o que em teu Filho te peço, toma o meu nada, pois o queres, e dá-me este bem, pois que tu também o queres».
«Por minha vida, Eu não quero a morte do pecador, mas antes que se converta e viva». Quer eu seja o filho mais novo, quer eu seja o filho mais velho, peço e recebo o perdão pascal do Pai do Céus para, como Ele, perdoar a quem me ofende. O núcleo da mensagem de Jesus é a conversão ao Pai Misericordioso: «Sede misericordiosos como o Pai celeste é misericordioso» (Lc 6, 36). A conversão ao amor, à misericórdia, ao perdão, à reconciliação, à paz, à alegria e à festa do Pai é graça de Deus e nossa responsabilidade neste o Domingo do amor e da alegria do pai pela nossa conversão, reconciliação e salvação. «Digo-vos que haverá mais alegria no céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não têm necessidade de conversão» (Lc 15, 7). A Igreja convida-nos a todos a sentir a «alegria da salvação» no Sacramento da Reconciliação, no qual, «Deus, por Cristo, nos reconcilia consigo», e pela Eucaristia, o banquete da misericórdia de Deus, na qual, «provamos e vemos como o Senhor é bom» (Sl 33, 9). «O Deus Misericordioso é o Jesus da Eucaristia».
Padre Manuel Reis, OCD

