Domingo no Carmelo

Domingo XXX do Tempo Comum

«O publicano desceu justificado para sua casa e o fariseu não»

«Irmãos caríssimos, quem adora não deve ignorar o modo como o publicano orou no templo, juntamente com o fariseu. Não tinha os olhos atrevidamente levantados para o céu, nem erguia as mãos com insolência, mas, batendo no peito e confessando os pecados ocultos, implorava o auxílio da misericórdia divina. Entretanto o fariseu comprazia-se em si mesmo. Assim mereceu ser justificado o que orava com humildade, porque não tinha posto a esperança da sua salvação na própria inocência, pois ninguém é inocente. Orou, confessando humildemente os seus pecados. E Aquele que perdoa aos humildes escutou a sua oração» (S. Cipriano).

«Mas, que sentirão estas almas ao ver que poderiam carecer de tão grande bem? Isto as faz andar mais cuidadosas, e procurar tirar forças de sua fraqueza, para não deixarem, por sua culpa, de fazer coisa que se lhes possa oferecer, para mais agradar a Deus. Quanto mais favorecidas de Sua Majestade, tanto mais acobardadas e temerosas andam de si mesmas. E, como nestas grandezas divinas, mais têm conhecido suas próprias misérias, e se lhe tornam mais graves os seus pecados, andam muitas vezes de modo que não ousam alçar os olhos, como o Publicano (Lc 18, 13); outras, com desejos de acabar a vida para se verem em segurança, ainda que voltam logo, com o amor que Lhe têm, a querer viver para O servir – como fica dito – e confiam, tudo quanto lhes toca, da Sua misericórdia. Algumas vezes as muitas mercês as fazem andar mais aniquiladas, pois temem que, como uma nau que vai com demasiada carga se vai ao fundo, lhe aconteça o mesmo» (S. Teresa de Jesus).

«Jesus Cristo, para além de nos recomendar a oração, deixou­-nos grandes exemplos de vida de oração. Assim Ele – narra-nos o Evangelho de S. Lucas –, para provar a necessidade que todos te­mos de orar sempre, e sem desfalecimento, contou a parábola do Juiz iníquo. Logo a seguir, temos a parábola do fariseu e do publicano no templo: enquanto o fariseu se orgulhava das suas boas obras, o publicano fazia humildemente a sua oração, pedindo a Deus perdão: “Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador”. Eu vos digo: Este voltou justificado para a sua casa, e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exal­tado” (Lc 18,13-14). Porque todos somos pecadores, todos temos necessidade de orar com humildade e perseverança. Nisto mesmo, o divino Salvador nos deu exemplo, porque to­mou sobre Si os nossos pecados e quis fazer oração por nós. Foi que, antes de iniciar a Sua vida pública, passou quarenta dias e quarenta noites, no deserto, a orar e a jejuar para fazer penitência por nós. Quis Ele deste modo não só dar-nos o exemplo, mas também oferecer ao Pai uma reparação condigna pelos nossos pecados e tornar frutuoso o Seu apostolado, preparando-Se para o mesmo com a força da oração e da penitência» (Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado).

«Todos somos pecadores, todos temos necessidade de orar com humildade»: «Senhor, salvai-nos, porque somos pecadores». Oremos com a humildade de Jesus, de Maria, do publicano – “Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador” –, com a humildade da Igreja, no início de cada Eucaristia: «Para celebrarmos dignamente os santos mistérios, reconhecemos que somos pecadores, confessamos a Deus todo-poderoso os nossos pecados e recebemos de Deus o perdão pela absolvição do sacerdote: «Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna».

Padre Manuel Reis

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