Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo
A Igreja reúne-se, hoje, para dar início à celebração do mistério pascal do Senhor. Jesus entrou triunfalmente na cidade santa de Jerusalém para realizar o mistério da Sua morte e ressurreição. Participamos agora, na Eucaristia, na Sua morte na esperança de um dia tomarmos parte na Sua ressurreição. Jesus seguia à frente dos seus discípulos, subindo para Jerusalém, montado num jumentinho. Toda a multidão dos discípulos começou a louvar alegremente a Deus em alta voz por todos os milagres que tinham visto, dizendo: “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor. Paz no Céu e glória nas alturas!”. Os discípulos não se podiam calar e as pedras também clamaram: «A grande multidão saiu ao seu encontro, clamando: “Hossana! Bendito O que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!”. “Ele era rei de Israel para guiar as almas, para as proteger para a vida eterna, para conduzir ao reino dos céus aqueles que acreditam, esperam e amam”».
Na profecia da paixão, o justo escarnecido, rezou a oração dos justos perseguidos e «pela sua piedade foi atendido». «Não desviou o Seu rosto dos que O insultavam e cuspiam… E não ficou desiludido». Foi socorrido por Deus e falou do seu nome aos seus irmãos e louvou a Deus no meio da assembleia. «A Paixão de Cristo é também recitada no salmo 21 – «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?» – de uma forma tão clara como no Evangelho».O que lemos no salmo é o que ouvimos no Evangelho:«Confiou no Senhor, Ele que o livre, Ele que o salve, se é seu amigo». É a maior das tentações: «A provocação para descer da cruz, vencer o mal com a força e mostrar o rosto dum deus poderoso e invencível». «Mas Jesus, precisamente aqui, no ápice da aniquilação, revela o verdadeiro rosto de Deus, que é misericórdia. Perdoa aos seus algozes, abre as portas do paraíso ao ladrão arrependido e toca o coração do centurião». Jesus foi condenado à morte pela sua fidelidade a Deus. «Sendo inocente, entregou-se à morte pelos pecadores; não tendo culpas, deixou-Se condenar pelos culpados. A sua morte redimiu os nossos pecados e a sua ressurreição abriu-nos as portas da salvação» (Prefácio).
No Evangelho lemos a paixão maior de «Nosso Senhor Jesus Cristo» segundo São Lucas. «A Paixão do Senhor aconteceu uma só vez: Cristo morreu uma vez apenas, o Justo pelos injustos (1 Pe 3, 18). Cristo uma vez ressuscitado dos mortos não pode voltar a morrer, a morte já não tem qualquer poder sobre Ele (Rm 6, 9)». Lemos e meditamos a paixão menor segundo São Paulo, a da aniquilação, humilhação, obediência e morte de cruz do servo, tornar-se-á a exaltação maior do nome do Senhor: «Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio… Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes». «Vivamos unidos ao nosso Salvador na sua paixão para chegarmos a tomar parte na glória da sua ressurreição». Sigamos o Crucificado e confessemos o Ressuscitado.
Padre Manuel Reis, OCD