Domingo no Carmelo

Domingo I da Quaresma

«Esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado»

A Igreja peregrina, neste Ano Jubilar de esperança, nesta Quaresma «caminha junta na esperança» para a Páscoa da Ressurreição, porque «a Ressurreição de Cristo é a nossa Esperança».

«Com o sinal penitencial das cinzas sobre as nossas cabeças, iniciamos na fé e na esperança a peregrinação anual da Santa Quaresma. A Igreja, mãe e mestra, convida-nos a preparar os nossos corações e a abrir-nos à graça de Deus para podermos celebrar com grande alegria o triunfo pascal de Cristo, o Senhor, sobre o pecado e a morte (…) Jesus Cristo, morto e ressuscitado, é o centro da nossa fé e a garantia da nossa esperança na grande promessa do Pai, já realizada n’Ele, Seu Filho amado: a vida eterna» (Papa Francisco, Mensagem Quaresma 2025).

Jesus durante 40 dias no deserto conviveu com as feras selvagens, dedicou-se à penitência e à oração. Sofreu e venceu as tentações. Foi servido pelos anjos. Ensina-nos a viver a Quaresma: dedicados à oração interior com Deus, para escutarmos a voz de Deus e conhecermos a sua vontade a nosso respeito; dedicados à penitência e guarda dos sentidos e à luta contra as tentações que nos incitam ao pecado. Vencendo o tentador, antecipou a vitória da sua paixão, a suprema obediência do seu amor filial ao Pai. O diabo, aquele que confunde e divide, pretendeu impedir que Jesus se afirmasse como o Filho de Deus, que anuncia a Palavra, estabelece o Reino e manifesta a glória de Deus. Ao vencer as três tentações, Jesus afirma-se como o Filho de Deus, obediente à vontade do Pai, mesmo, e sobretudo, nas provações da sua vida. «O diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo», isto é, até à hora da paixão e morte de Jesus, em que o tenta novamente para ver se consegue destruir o plano de salvação de Deus.

A Igreja, no seu caminho quaresmal, é conduzida pelo Espírito, na obediência da fé à vontade do Pai – «Pai… não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal» – e, na fé e oração, é fortalecida pelo Espírito na luta e vitória contra o Tentador e as suas tentações: «Sede sóbrios e estai vigilantes: o vosso inimigo, o demónio anda à vossa volta, como leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na fé» (1 Pe 5, 8-9). O Senhor, vigiando connosco, ajuda-nos a lutar e a vencer a tentação do mundo (1 Jo 5, 4): o prazer, o êxito, o poder, a posse, a afirmação do eu excluindo o outro, o egoísmo, o domínio, a submissão, a marginalização…

«A nossa vida, enquanto somos peregrinos na terra, não pode estar livre de tentações, e o nosso aperfeiçoamento realiza-se precisamente através das provações. Ninguém se conhece a si mesmo se não for provado, ninguém pode receber a coroa se não tiver vencido, ninguém pode vencer se não combater, e ninguém pode combater se não tiver inimigos e tentações. O Senhor transfigurou-nos em Si, quando quis ser tentado por Satanás. Para Si, tomou as tuas tentações, para te dar a Sua vitória (…) Se n’Ele somos tentados, n’Ele vencemos o demónio… Se Jesus não fosse tentado, não teria ensinado a vencer a tentação» (S. Agostinho).

«Ó Senhor meu, quantas vezes Vos fazemos andar a braços com o demónio! Não bastou que Vos deixásseis tomar neles quando Vos levou ao pináculo, para nos ensinardes a vencê-lo? (S. Teresa de Jesus).

Padre Manuel Reis, OCD

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