Domingo no Carmelo

Domingo II da Quaresma

«No meio da nuvem luminosa, ouviu-se a voz do Pai:
“Este é o meu Filho muito amado: escutai-O”»

«Sirva a proclamação do santo Evangelho para confirmar a fé de todos, e ninguém se envergonhe da cruz de Cristo, pela qual o mundo foi redimido. Ninguém tenha medo de sofrer pela justiça, ou desespere da realização das promessas, porque é pelo trabalho que se chega ao repouso, e pela morte à vida. O Senhor fez sua a debilidade da nossa humilde condição, e se permanecermos no seu amor e na confissão do seu nome, venceremos o que Ele venceu e receberemos o que Ele prometeu. Por isso, quer se trate de cumprir os mandamentos ou de suportar a adversidade, há-de ressoar sempre aos nossos ouvidos a voz do Pai, que assim se fez ouvir: Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência: escuta-O» (S. Leão Magno).

A Transfiguração de Jesus foi substancialmente uma experiência de oração. Jesus subiu ao monte, mergulhou na contemplação do desígnio de amor do Pai, que o tinha enviado ao mundo para salvar a humanidade. Diante da Cruz, Jesus disse sim, eis-me aqui, seja feita, ó Pai, a tua vontade de amor. A voz do Pai proclamou-O «meu Filho muito amado» e a luz do Espírito alterouo aspecto do seu rosto mortal em rosto de glória celeste.

«Depois de anunciar aos sus discípulos a sua morte, manifestou-lhes no monte santo o esplendor da sua glória, para mostrar, com o testemunho da Lei e dos profetas, que pela sua paixão alcançaria a glória da ressurreição» (Prefácio).

Escutámo-Lo e procuramos a sua face, porque Ele nos escuta, ouve a voz da nossa súplica, não esconde de nós o seu rosto, atende-nos, porque é a nossa luz e salvação, o protector da nossa vida. Por isso, confiamos n’Ele e esperamos vir a contemplar a bondade do Senhor na terra dos vivos, porque a nossa pátria está nos Céus, de onde esperamos, como Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo miserável, para o tornar semelhante ao seu corpo glorioso. O Pai, que nos manda escutar o Filho, com o alimento interior da sua palavra, purifica o nosso olhar interior para podermos um dia alegrar-nos na visão da glória do Senhor.

«Será com alegria que Vos contemplarei no último dia, levando o ceptro da Cruz. Já que Vos dignastes dar-me em herança esta Cruz tão preciosa, espero parecer-me convosco no Céu, e ver brilhar no meu corpo glorificado os sagrados estigmas da vossa Paixão» (Santa Teresinha).

Padre Manuel Reis, OCD

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