Domingo no Carmelo

Domingo V da Páscoa

«Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros»

O mandamento novo de Jesus – que vos ameis uns aos outros» – não é o do “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19, 18), mas sim aquele que o Senhor caracteriza e qualifica com as palavras: “como Eu vos amei” (Jo 13, 34). «É este o amor que nos renova, para que nos tornemos homens novos, herdeiros da nova aliança, cantores de um cântico novo (…) este amor novo que de todo o género humano disperso pela terra, forma um povo novo, corpo da nova Esposa do Unigénito Filho de Deus».

O «corpo da nova Esposa», recusado outrora pelo povo de Israel, começou a ser formado entre os gentios, quando Paulo e Barnabé, «à chegada, convocaram a Igreja, contaram tudo o que Deus fizera com eles e como abrira aos gentios a porta da fé». A «nova Esposa» é também o «povo novo» que habitará «um novo céu e uma nova terra» e formará parte da «cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, bela como noiva adornada para o seu esposo», e «povo de Deus» que viverá na «morada de Deus com os homens, pois Deus habitará com os homens: eles serão o seu povo e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus». No «amor novo» tudo é «novo», a saber, é uma «nova criação», porque Deus cumpriu a sua promessa: «Vou renovar todas as coisas».

O «amor novo» – da Cruz, da Eucaristia, da Ressurreição – é a manifestação da «nova glória» do amor do Pai e do Filho: «Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora». Na hora da despedida, o Mestre abre o Seu coração aos discípulos – «como o Pai Me amou, também Eu vos amei» – e lê-lhes o seu «novo testamento»: «Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros». A «nova herança» do Mestre é a «o tesouro dos seus discípulos»: «Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros». Amando-se os discípulos uns aos outros, amarão e manifestarão o amor do Filho e do Pai: «Quem tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama. E quem me ama será amado por meu Pai; também Eu o amarei e a ele me hei de manifestar». A «nova Esposa», o «novo povo», a «nova Igreja» será na terra morada da Trindade do Céu: «Se alguém me amar, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará; viremos a ele e junto dele faremos morada». «Ubi caritas, Deus ibi est». «Vês verdadeiramente a Trindade se vês o Amor» (Santo Agostinho). Peçamos a graça de ver na fé a Trindade na Eucaristia: «Esta viva fonte que desejo / neste pão de vida eu a vejo, ainda que é de noite» (S. João da Cruz). «Compreendi que só o Amor fazia agir os membros da Igreja… Ó Jesus, meu Amor! encontrei finalmente a minha vocação: a minha vocação é o Amor» (S. Teresinha). «Nem já tenho outro ofício, pois já só em amar e meu exercício» (S. João da Cruz). «Quanto mais vos virdes aproveitadas no amor ao próximo, mais o estais no amor a Deus» (S. Teresa de Jesus).

Padre Manuel Reis, OCD

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