Domingo no Carmelo

Domingo VI da Páscoa

«O Espírito Santo vos recordará tudo o que Eu vos disse»

O que nos disse – prometeu – Jesus na sua última despedida? No Evangelho de hoje Jesus revela aos seus discípulos o seu «desejo de habitar em nós», «a dupla promessa feita por Nosso Senhor aos seus apóstolos depois da Ceia»:«Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada».

Os Santos do Carmelo são testemunhas da inhabitação trinitária nas suas vidas: «Não basta, contudo, ouvir esta palavra, é preciso guardá-la! A quem guardar a sua palavra não fez esta promessa: “Meu Pai amá-lo-á e nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada»? É a Trindade inteira que habita na alma, que em verdade a ama, quer dizer, ao guardar a sua palavra!…» (S. Isabel da Trindade). «Aqui se lhe comunicam todas as Três Pessoas e lhe falam, e lhe dão a entender aquelas palavras que diz o Evangelho que disse o Senhor: que viria Ele e o Pai e o Espírito Santo a morar com a alma que O ama e guarda Seus mandamentos» (S. Teresa de Jesus). «Ao que a ti te amar, Filho / a mim mesmo lhe daria / e o amor que eu em ti tenho / esse mesmo nele poria / em razão de haver amado / a quem eu tanto queria» (S. João da Cruz). «Jesus tinha-o prometido outrora quando estava prestes a subir para o seu e nosso Pai; Ele dizia com uma ternura inefável: “Se alguém Me ama, guardará a minha palavra e Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada”. Guardar a palavra de Jesus, eis a única condição para a nossa felicidade, a prova do nosso amor por Ele. Mas o que é afinal esta palavra?… Parece-me que a palavra de Jesus, é Ele mesmo… Ele Jesus, o Verbo, a Palavra de Deus!… Guardamos Jesus nos nossos corações!» (Santa Teresa do Menino Jesus). «Jesus promete manifestar-se a quem o amar com perfeição. À fidelidade perfeita do amor, Deus responderá com um amor perfeito, que o fará tomar posse definitiva e completa da alma que, deste modo, se converterá na sua verdadeira morada» (B. Eugénio Maria).

O que nos recorda o Espírito Santo? «No Espírito, que é o Dom eterno, Deus uno e trino abre-se ao homem, ao espírito humano. O sopro recôndito do Espírito divino faz com que o espírito humano, por sua vez se abra, diante de Deus que se abre para ele, com desígnio salvífico e santificante… Pelo Espírito Santo, o Pai e o Filho vêm a ele e fazem nele a sua morada. Na comunhão de graça com a Santíssima Trindade dilata-se “o espaço vital” do homem, elevado ao nível sobrenatural da vida divina. O homem vive em Deus e de Deus, vive “segundo o Espírito” e “ocupa-se das coisas do Espírito” (J. Paulo II).

«Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo». A Trindade é um «oceano de amor», um «oceano de paz». «Na sua vontade está a nossa paz» (Dante Alighieri). Que o Espírito Santo nos ensine, como ensinou aos Santos do Carmelo, a amar e guardar fielmente a palavra de Jesus, a ser morada da Trindade, a não perder a paz de Deus, a rezar pela paz e unidade na Igreja. Que neste Ano Jubilar de Esperança, «o Senhor nos livre de todo o mal e dê ao mundo a paz em nosso dias».

Padre Manuel Reis, OCD

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