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Domingo XVII do Tempo Comum

«Não separe o homem o que Deus uniu»

Onde tudo é bom não deve haver nada que não seja bom. E a solidão e o egoísmo não são bons. É boa a comunhão e o amor entre os humanos. «Não é bom que o homem esteja só: vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele». Deus, que criou tudo bom, criou o homem e a mulher não para o mal da solidão, mas para o bem da relação, da comunhão de vida e de amor. No seu amor criador, fonte de toda a bênção, deseja que homem e mulher escolham a vida e a felicidade, o êxito e a vitória do amor, e não a morte, a infelicidade, o fracasso e a derrota do amor. A vocação do homem e da mulher é o amor como fonte de felicidade terrena e de bem-aventurança eterna. Ambos podem dizer, com Santa Teresinha, cuja memória celebramos no passado dia 1 de Outubro, «a nossa vocação é o amor… no Coração da Igreja, minha Mãe, nós seremos o Amor». Porque foi o Amor que nos criou em igualdade de natureza e dignidade – «Esta é realmente osso dos meus ossos e carne da minha carne» – e para partilhar a co-responsabilidade da missão familiar: «o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne».

«Já não são dois, afirma Jesus no Evangelho, mas uma só carne». No projecto original de Deus não está previsto o repúdio, a separação e o divórcio, mas sim a união de amor. Jesus fala das crianças como modelo dos discípulos que acolhem a lógica de Deus sobre o matrimónio – a da união – e rejeitam a lógica do mundo, a do divórcio. «Portanto, não separe o homem o que Deus uniu». Deus, o «Autor do matrimónio», abençoa o homem e a mulher que temem o Senhor». As famílias cristãs, que um dia celebraram o sacramento do matrimónio na Eucaristia, e pediram, pela intercessão da «Mãe de Jesus», a graça das bodas de Caná, a «transformação da água em vinho», a conversão do amor humano em amor divino, rezam hoje com a Igreja: «O Senhor nos abençoe em toda a nossa vida». A verdadeira vida, a de Jesus que nos ama e se entrega por nós no altar, está na beleza do amor que se dá até à morte. É boa e bela a alegria do amor que irradia o bom perfume de Cristo. A família cristã com a sua doação de amor sem limites e a sua entrega total testemunha o amor de Deus pela humanidade.

Os fariseus, na dureza do seu coração, no seu orgulho, egoísmo e mentira, no seu fechamento à bondade de Deus e da sua criação, podiam, segundo a permissão da lei de Moisés, repudiar a mulher, passar o certificado de divórcio, casar novamente com outra, cometer adultério, que devia ser castigado com a pena de morte, mas, para Jesus, o «Autor da salvação», segundo a lei da criação, não podiam nem deviam «separar o que Deus uniu». O mesmo se diga na lei da graça: «Aquele que santifica e os que são santificados procedem todos de um só». «A carne, que é uma só, tenha honra igual». Cristo a ambos, homem e mulher, salvou com a sua paixão. Todos somos filhos de Deus, chamados à glória perfeita por Cristo, que, sendo feito um de nós, pelo amor do Pai, experimentou a morte em proveito de todos, para salvar a todos aqueles que, abraçados e abençoados por Ele, acolhem e entram no reino de Deus, como as crianças, a quem não se envergonhou de chamar irmãos e convidar para as núpcias do Cordeiro».

Padre Manuel Reis

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