«Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?»
«Jesus, filho de David, tem compaixão de nós». Jesus, nosso Salvador, cura dez leprosos, reprova a ingratidão de nove que souberam pedir, mas não agradecer, louva a gratidão de um estrangeiro que «voltou atrás, glorificou a Deus em alta voz, se prostrou de rosto por terra aos pés de Jesus, para lhe agradecer». O samaritano reconheceu na cura de Jesus a salvação de Deus. Jesus tinha-lhe dito: «Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou». Do mesmo modo, Jesus disse a Simão: «Estão perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou. Mas a quem pouco se perdoa, é porque pouco ama». E disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados». Os que estavam à mesa com Ele começaram, então, a dizer entre si: «Quem é Este, que até pecados perdoa?». Mas Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz».
Assim, pela fé em Deus, também foi curado o general sírio Naamã nas águas do rio Jordão, a mando de Eliseu, o homem de Deus. «A sua carne tornou-se tenra com a de uma criança e ficou purificado da lepra». «Naamã o leproso ficou curado quando, obedecendo ao profeta Eliseu, se lavou sete vezes na água do Jordão; no entanto esta água ainda não tinha sido santificada pela presença do Verbo feito carne». Foi obra e graça da fé «no Senhor, Deus de Israel»: «Agora reconheço que em toda a terra não há outro Deus senão o de Israel». Mas, «o Senhor manifestou a salvação a todos os povos». A salvação de Deus não é um privilégio concedido aos judeus, mas um dom oferecido a todos os homens. «Recordado da sua bondade e fidelidade, revelou aos olhos das nações a sua justiça». «Agora manifestou-se a justiça de Deus que vem pela fé em Jesus Cristo, para todos aqueles que acreditam». Por isso, «os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus». Deus ama a todos e quer salvar todos os homens.
Um estrangeiro leproso – Naamã – é curado por Deus, do seu orgulho, pior que a sua legra, mediante Eliseu, e agradece a Deus na pessoa do profeta, ajoelhando-se diante dele. Os estrangeiros, curados por Deus, na pessoa de Naamã, dão graças ao «Deus de Israel» pelo dom da sua salvação. Um estrangeiro leproso – samaritano – é curado por Deus, mediante Jesus, e dá glória a Deus e agradece a Jesus. De facto, «Cristo amou-nos e purificou-nos com o seu sangue». «Pelas suas chagas fomos curados». Por isso, «os eleitos obtêm a salvação que está em Jesus Cristo, com a glória eterna». «A Palavra de Deus não está encadeada» e tem o poder de curar o corpo e de salvar a alma. Temos obrigação de agradecer a Jesus que nos salvou e também nos glorificou. Na nossa oração digamos a Jesus muitas vezes: Obrigado, Senhor, porque nos criastes, nos curastes, nos salvastes.
Na Eucaristia, fazemos memória da fé que professamos em Jesus Cristo Ressuscitado dos mortos, o autor da nossa salvação, pelo perdão dos nossos pecados, que recebemos pelo batismo e atualizamos no sacramento de Reconciliação. A liturgia batismal é «doutrina segura» – «é digna de fé esta palavra» –, porque que Deus nunca abandona quem perseverar na fé: «Se morremos com Cristo, também com Ele viveremos; se sofremos com Cristo, também com Ele reinaremos; se o negarmos, também, Ele nos negará; se Lhe formos infiéis, Ele permanece fiel, porque não pode negar-se a Si mesmo». «Da sua plenitude recebemos graça e mais graça» (Jo 1, 16).
«São de grande atualidade as palavras de São Bernardo: «Também hoje vemos muitos empenhados em pedir aquilo de que sabem precisar, mas vemos bem poucos a preocuparem-se com agradeceraquilo que receberam». É bem pedir com insistência o que precisamos, é bom agradecer muito o que recebemos, para não sermos acusados da pior lepra, a ingratidão: «Em todo o tempo e lugar dai graças a Deus, porque esta é a sua vontade a vosso respeito em Cristo Jesus».
«Sinto-me profundamente confundida à vista das graças que até hoje tenho recebido e sem ter nada para as agradecer, mas estou confiada na proteção da minha querida Mãe do Céu que continuará a agasalhar-me debaixo do seu manto maternal e com auxílios desta querida Mãe de Jesus Sacramentado terei daqui para o futuro uma vida cheia de gratidão para com Deus».
Padre Manuel Reis

