«És o Messias de Deus. O Filho do homem tem de sofrer muito»
Neste Domingo XII do Tempo Comum, neste mês de junho do Sagrado Coração de Jesus, cuja solenidade celebraremos na próxima sexta-feira, peçamos a graça de «encher de afeto e proximidade a nossa relação com Jesus Cristo», «o Messias de Deus, o Filho do homem que teve de sofrer muito», certos de que «o Coração aberto de Cristo é para nós a possibilidade de um encontro real e pessoal com tanto amor».
«Os monges cartuxos, encorajados sobretudo por Ludolfo da Saxónia, encontraram na devoção ao Sagrado Coração um meio de encher de afeto e proximidade a sua relação com Jesus Cristo. Quem entra pela ferida do seu Coração é abrasado em chamas de afeto. Santa Catarina de Sena escreveu que os sofrimentos que o Senhor suportou não são algo que possamos presenciar, mas que o Coração aberto de Cristo é para nós a possibilidade de um encontro real e pessoal com tanto amor: «Eis quanto eu manifestei na chaga do meu peito, no momento em que compreendeste o segredo do meu coração. Fiz ver que meu amor por vós é mais profundo de quanto possa indicar a dor passageira» (Papa Francisco, Amou-nos, n. 111)
Na chaga do Seu peito, peçamos a graça de compreender o segredo do Seu coração para que o Seu amor reine na nossa vida e a nossa dor se una à dor de Cristo na Cruz, unido a todos os sofrimentos dos seus discípulos ao longo da história.
«Nesta contemplação do Coração de Cristo, entregue até ao fim, somos consolados. A dor que sentimos no coração dá lugar a uma confiança total e, por fim, resta a gratidão, a ternura, a paz, o seu amor reinante na nossa vida. A compunção «não provoca angústia, mas alivia a alma dos seus pesos, porque intervém na ferida deixada pelo pecado, preparando-nos para receber lá mesmo a carícia do Senhor». E a nossa dor une-se à dor de Cristo na cruz, pois quando dizemos que a graça nos permite superar todas as distâncias, isso significa também que Cristo, quando sofria, estava unido a todos os sofrimentos dos seus discípulos ao longo da história. Assim, se sofremos, podemos experimentar a consolação interior de saber que o próprio Cristo sofre conosco. Desejando consolá-lo, saímos consolados» (Papa Francisco, Amou-nos, n. 161).
Consolados pelo Coração de Jesus – o nosso tesouro de ternura, a nossa dita, a nossa única esperança, que cativou a nossa juventude, o companheiro fiel até à última tarde –, consolemo-Lo – dando-Lhe a nossa vida e todos os desejos do nosso coração – perdendo-nos – e ganhando-nos – na bondade sempre infinita do Seu Coração.
Ó Coração de Jesus, tesouro de ternura
Tu és a minha dita, a minha única esperança,
Tu que soubeste cativar a minha juventude
Fica ao pé de mim até à última tarde.
Senhor, só a Ti dei a minha vida
E conheces bem todos os meus desejos
É na tua bondade sempre infinita
Que desejo perder-me, ó Coração de Jesus! (Santa Teresinha, P 23, 6)
Padre Manuel Reis