«É como dizes: sou Rei»
«Ao filho do homem foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza, e todos os povos, nações e línguas O serviram. O seu poder é eterno, não passará jamais, e o seu reino não será destruído». E o Filho do homem é «Jesus Cristo, a Testemunha fiel, o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra, que nos a ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado e fez de nós um reino de sacerdotes para Deus seu Pai». E «o Príncipe dos reis da terra», não é Jesus enquanto «Rei dos judeus» – «o meu reino não é deste mundo» – mas Jesus que «nasceu e veio ao mundo a fim de dar testemunho da verdade». Leiamos o diálogo entre Pilatos e Jesus para acreditarmos com o coração que Jesus é a «Testemunho fiel», «o Primogénito dos mortos» e confessarmos com a boca que é «o Príncipe dos reis da terra», o «Rei do Universo».
Disse Pilatos a Jesus: «Tu és o Rei dos Judeus?»… «Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo». Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és Rei?». Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade». E «os seus testemunhos são dignos de toda a fé». «Todo aquele que é da verdade – “Eu sou a Verdade” – escuta a minha voz», isto é, «reina neste mundo pela força da verdade», sendo sacerdote que louva a Deus e rei que serve os irmãos. Na verdade, «o Senhor é rei num trono de luz, revestiu-Se de majestade e cingiu-Se de poder». «O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder e a riqueza, a sabedoria, a honra e o louvor. Glória ao Senhor pelos séculos dos séculos». «O Senhor está sentado como Rei eterno e abençoará o seu povo na paz». «A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amen. Ei-l’O que vem entre as nuvens, e todos os olhos O verão», o Crucificado, o Ressuscitado, o «Senhor da história». «Sim. Amen. Eu sou o Alfa e o Ómega, Aquele que é, que era e que há-de vir».
O «Senhor do Universo» está realmente presente na Eucaristia, «tão perto de nós que até O podemos tocar»: «Debaixo das aparências deste pão está mais acessível porque, se o rei se disfarça, parece que nada se nos daria de conversar com ele sem tantas cerimónias e respeitos; parece estar obrigado a sofrê-lo, pois se disfarçou». Este Rei que, com «tão admirável invenção, nos mostra quanto nos ama», nos pergunta continuamente: “quem és tu, o que fazes” da tua vida, o que fazes da vida dos outros? Perguntemo-nos a nós mesmos: «Sou amigo do Rei, isto é, sinto-me pessoalmente envolvido nas necessidades dos sofredores que encontro no meu caminho?». E invoquemos a «Rainha do Céu e da Terra», a «Rainha do Carmelo», para que «nos ajude a amar Jesus, nosso rei, nos seus irmãos mais pequeninos».
Padre Manuel Reis, OCD