Domingo no Carmelo

Domingo XII do Tempo Comum

«Quem é este homem,
que até o vento e o mar lhe obedecem?»

Ao cair da tarde, os discípulos obedeceram à ordem de Jesus – «Passemos à outra margem do lago» –, deixaram a multidão e levaram Jesus consigo na barca em que estava sentado. A grande tormenta enchia a barca de água. «As águas sufocavam» os discípulos e «as ondas submergiam-nos». «Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada». Acordaram-no e disseram: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» Jesus levantou-Se, falou ao vento imperiosamente e disse ao mar: «Cala-te e está quieto». O vento cessou e fez-se grande bonança. À ordem de Jesus, cala-se o vento, acalma-se o mar. Cessou o perigo. Jesus, na sua humildade e mansidão, «quebra a altivez das vagas do mar», «manifesta o poder do seu braço e dispersa os soberbos», «derruba os poderosos de seus tronos e exalta os humildes». O sono tranquilo de Jesus não é desinteresse nem indiferença pela sorte dos discípulos, mas, na eternidade do seu amor, comanda a barca da sua Igreja. «Se me colhe a tempestade, e Jesus vai a dormir na minha barca, nada temo porque a Paz está comigo».

«Disse aos discípulos: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?» A humanidade de Jesus surpreende-os com as maravilhas da sua divina providência: «Eles ficaram cheios de temor e diziam uns para os outros: «Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?». «No coração do cristão haverá tranquilidade e paz, mas somente enquanto estiver desperta a nossa fé. Se a nossa fé adormece, corremos perigo». «Perante as numerosas provas que o mundo actual põe à fé, os cristãos que se contentam com uma oração superficial, não só são cristãos medíocres, mas cristãos em perigo». «Quando corremos perigo, despertemos a nossa fé, acordemos Cristo no nosso coração». «Desperta, tu que dormes e Cristo te iluminará». «Fazei, Senhor, que se acalme este mar. Não ande sempre em tamanha tempestade a nave da Igreja! E salvai-nos, Senhor meu, que perecemos!».

A Igreja guarda todas as ordens amorosas da Palavra de Jesus, medita-as no seu coração e, salva pela Palavra do Senhor, «impelida pelo amor de Cristo», anuncia a palavra da salvação a todas as criaturas para que todos sejam salvos e tenham a vida eterna, não vivendo para si próprios, mas para Deus. Damos graças a Deus e glória ao Senhor, porque a Palavra do Senhor é para nós Palavra da salvação, porque «as coisas antigas passaram» na morte de Jesus e «tudo foi renovado» na sua ressurreição.

Padre Manuel Reis

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