Domingo no Carmelo

Domingo XXXII do Tempo Comum

«Esta pobre viúva deu mais do que todos os outros»

Neste «Domingo das viúvas», Jesus dá-nos uma lição de confiança em Deus e de generosidade com os pobres.

No século IX a. C., Jezabel e o rei Acab levaram o povo de Israel a trocar o Senhor por Baal. Consideraram Elias o culpado pela falta de chuva em Israel. Acab mandou-o prender e matar. O profeta fugiu para Sarepta e encontrou refúgio e hospedagem na generosidade da viúva pobre a quem Deus «ordenou» que o alimentasse com água e pão. Movido pela fé na Palavra de Deus, não temeu pedir à viúva o seu último pão. Convidou-a a confiar na Palavra do Senhor: «Não temasnão se esgotará a panela da farinha». Ela acreditou em Deus e ofereceu ao profeta tudo o que tinha: «A mulher foi e fez como Elias lhe mandara; e comeram ele, ela e seu filho». Foi grande a sua generosidade. No seu amor, estavadisposta a morrer por Deus e Elias. Deus abençoou a sua generosidade. Concedeu-lhe alimento durante a seca. O Deus de Israel «não deixou que se esgotasse a panela da farinha nem se esvaziasse a almotolia do azeite, até ao dia em que o Senhor mandou chuva sobre a face de terra». O milagre aconteceu: «comeram ele, ela e seu filho». «Os pobres hão-de comer e serão saciados». O «pão» é o sinal da abundância messiânica da salvação de Deus que garante a vida dos seus pobres. Mais tarde, esta mulher pobre, viúva, estrangeira, admirável na fé e generosa para com o profeta de Deus é louvada por Jesus, na sua primeira homilia em Nazaré, o que provocou a revolta dos seus conterrâneos, porque Jesus louvou a fé de uma pagã, que não se apoia em si mesma, mas confia em Deus, contrapondo-a à incredulidade dos nazarenos.

No Evangelho, Jesus, o Messias, sentado no átrio das mulheres, em frente da arca do tesouro do templo, observava como a multidão deitava o dinheiro na caixa. A pobre viúva «deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante». Esquecida de si própria, deu todos os seus bens a Deus, confiando inteiramente a sua vida à Divina Providência. «Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho». «Deus deu-nos tudo, dando-nos o seu único Filho». «Cristo ofereceu-Se uma só vez para tomar sobre Si os pecados de muitos». Jesus disse «esta pobre viúva deu mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver». Jesus, no seu amor, «sendo rico se fez pobre» para nos enriquecer de confiança e generosidade. Apresenta-nos a confiança e a generosidade da viúva pobre como modelo de confiança em Deus e generosidade com os pobres.

«Amar é tudo dar e dar-se a si mesmo» (Santa Teresinha). «O próprio do amor é de sempre dar e sempre receber. Ora o amor de Cristo é generoso. Dá tudo o que tem e tudo o que é, mas retira tudo o que temos, ou tudo o que somos. Exige mais do que aquilo que somos, por nós próprios, capazes de dar» (Santa Isabel da Trindade). «E tu pensas que eu poderia levar o meu amor aos pobres, se Jesus não me desse o seu amor todos os dias mediante a oração? Lembra-te disto: sem Deus, somos demasiado pobres para poder ajudar os pobres!» (Madre Teresa de Calcutá). «Isto é o meu Corpo. Tomai e comei». Louvemos o Senhor que, na Eucaristia, «dá pão aos que têm fome, protege os peregrinos e ampara o órfão e a viúva».

Padre Manuel Reis, OCD

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *